Segredo
As folhas secas desenham o meu caminho. Piso uma a uma e oiço a bela melodia. O baloiço enferrujado oscila por entre o vento. Sorrio ao pensar que já foi o meu refúgio. Abro a porta. A casa está escura, a única luz é a da vela já cansada do seu próprio calor. Pego na vela e subo as escadas. O som da madeira atormenta. Os quadros refletem memórias. As portas tão trancadas, menos aquela que sempre me mortificou. Fecho os olhos tentando ganhar coragem para avançar. Por debaixo da porta há uma luz forte. Respiro fundo e abro a porta. O ranger mórbido preenche a casa vazia. A luz da lua transpõe sobre os vidros da única janela. O aroma daquela divisão depressa o reconheço. Era o mesmo que se revelava durante as noites, durante os sonhos perdidos. Ao fundo vejo a boneca que eu julgara perdida. As paredes escondem palavras perdidas. Palavras pronunciadas com sangue. Numa das paredes apenas se sobressai "Até sempre"...
[Post que pretendo continuar...]