Abre os olhos!
E eu continuo presa mortificadamente ao meu ser. Os meus olhos vão digerindo as memórias deixadas na embriaguez da nostalgia. (E tu... vais puxando violentamente a pálpebra). Num acto violento fecho os olhos perdida na tentativa de não os voltar a abrir. Não quero abrir os olhos. Não quero ver o mundo cruel. (E tu... vais puxando violentamente a pálpebra). Não te quero ver a ti. O teu perfume já atormenta. Chega. O castanho que dissolve os meus olhos vai dissipando cada lágrima. Não quero abrir os olhos. Cobarde. (E tu... vais puxando violentamente a pálpebra). Não sou capaz de enfrentar o mundo olhos nos olhos. Quero ficar assim de olhos fechados a saborear o desejo. E as lágrimas vão desfazendo os teus dedos que tentam ainda abrir os meus olhos. A dor vai configurando, mas eu não deixo. Vou lutando contra ela. Mesmo de olhos fechados...