Há dias assim
As vozes vão soando em tom grave. As diferenças vão marcando seres que estranhamos ao entrar naquela sala enorme preenchida de contrariedades e confusões. Vou criando o meu mundo, no lugar predefinido, segredando letras marcadas na mesa com tons de receio. Oscilo a caneta por entre os dedos tentando enganar os sentidos. Ao meu lado derivam sorrisos e cumplicidades em paladares falsos. Vou trincando a caneta nem que seja para a enganar a saudade, para deixar morrer o desgosto. O giz vai arrepiando e vai surdindo pedaços de caligrafia. Risco a folha sem preconceito, sem vergonha. Risco para saborear mais uma vez o sabor em jeito de fragrância. Estranha forma de sobreviver. Sorrio ao pensar que ele, mesmo no andar de cima, vai atormentando a minha curiosidade ...