Conjuntura
Trago apenas traços de um caderno carregado de suposições e afirmações que julgamos o rumo de uma vida. Vamos entrando perdidos num amontoado de gente que se dissipa dentro de um cubículo corrupto. As vozes diferentes que se perdem nos riscos de cada mesa. Marcas de quem passou pelo mesmo. A tentação corre-me nas veias e não resisto a marcar, a fazer o meu próprio rabisco. Oscilo a caneta por entre as ideias. Roo também na tentativa de esquecercada voz e cada sombra que se fazem desconhecidas. Conto todos os minutos até os ponteiros viciarem. Tic tac tic tac.
Vou ingerindo formúlas e esboços, que murmuram ser, uma aplicação de um conhecimento cansado. Estranha forma de sobreviver. E mesmo à minha frente tenho um cúmplice de toda a distracção. E por momentos as palavras fazem sentido, os gestos são meros artefactos de um coração alienado e o olhar não mais que uma inocente acção.