
(Ela, pessoa.) Vai fingindo sentir o que não sente. Dizer o que não diz. Fazer o que não quer fazer. Fá-lo porque os outros, assim o esperam. Vive cada dia na esperança de mudar, mas não consegue. O sofrimento corre-lhe nas veias e deixa-lhe um pouco de amargura na boca. Carrega nas costas o grande peso da desconfiança e do desconforto. Foge do mundo enquanto o mundo foge da melancolia que todos suspiram, mas, continua a ser uma marioneta nos dedos de seres estranhos e insensíveis. A tão notável estupidez não a deixa rebentar as cordas e fugir contra tudo e todos iludida com o seu próprio anonimato. Nem ela sabe que o é. Nem ela sabe quem é.