
A estação sempre estivera cheia de gente. Mas hoje, parecia que o mundo se escondia do quer que fosse. Sentei-me num dos bancos e olhei em volta tentando reagir a todo aquele silêncio. Apenas se ouvia o comboio e a voz daquela mulher mecanizada que anunciava o destino das poucas pessoas que ainda permaneciam na estação. Mesmo em frente um homem, talvez estrangeiro, que também procurava abstrair-se do silêncio folheava uma revista. No outro banco uma senhora mais velha cruzou as pernas delicadamente e ficou a olhar o infinito. Deviam estar mais cinco pessoas envolvidas naquele sossego. O sol batia por entre todo aquele passeio longo e que parecia não ter fim. Aquele silêncio arrepiava-me. Volta e meia olhava para o relógio, até que o comboio chegou e a maior parte das pessoas entrou comigo. O comboio vinha vazio. Escolhi o lugar mesmo ao lado da janela e fiquei a observar todo aquele rodopiar da natureza. O rumo que escolhera não me agradava. Apetecia-me fugir e voltar ao sítio onde me senti tão bem. Voltar ao sítio onde o silêncio não mete tanto medo.